Relação... Conflito, Egoísmo e Separação
Relacionar, unificar, encontrar, construir no
universo subjetivo do Eu, as raízes do sentimento. Tudo é muito surreal para
quem está de fora, e não habita na mesma dimensão do sentir de quem vive uma
intensa, passiva ou conflitante relação, esta sem sombra de dúvida, é a
sociedade mais delicada, onde o elemento deste investimento são os fatores do
sentimento, atração, paixão, apego, dependência, segurança, medo e ansiedade.
Nestes momentos, onde tudo é novo na alquimia desta fusão do encontro de dois
seres que compõem o universo dos opostos, é inevitável a efervescência da alma,
é como se o interior do ser estivesse sempre à beira de uma erupção, semelhante
a um vulcão inflamado, existe um elemento na relação invisível a motivar todos
os outros, constitui-se da expectativa criada pela idealização de alguém que
foi projetado nos seus sonhos, ou seja, o arquétipo da imagem idealizada do que
se pode chamar de “ príncipe encantado”
ou “princesa”.
Este é o estopim da decadência e do
desmoronamento da maioria de todas as relações, é quando alguém acorda e
percebe que o príncipe idealizado dos sonhos virou sapo, e a princesa uma
abobora. Tudo isso é o resultado do excesso de expectativa, é projetar no outro
o modelo de perfeição idealizado e nunca ter a coragem de olhar pra si mesmo e
se questionar “O que eu tenho construído em mim a título de valores para
oferecer ao outro?” Talvez este seja o autoquestionamento difícil de ser
feito, pois até ser retirada a venda dos olhos que ocultavam as imperfeições, o
outro foi o símbolo das fantasias de alguém perfeito, mas como tudo que não é
verdadeiro e apenas idealizado, acaba com a mesma velocidade de um sonho
infantil, e o sapo jamais se tornará um príncipe e a abobora uma princesa, pois
o príncipe e a princesa que habita em cada um são edificados pelos valores do
seu ser e não pela vulnerável e transitória estética dos filmes e novelas.
É preciso observar que todo o
sentimento baseado nos fatores externos vive o efeito da paixão que logo acaba
o mais amargo de tudo isso é passar a vida inteira apenas nos sonhos fantasiando
uma paixão, passando os dias criando uma relação no imaginário e temer viver a realidade,
pois viver é sentir, é estar disposto a correr riscos, é não temer sofrer por amar, é
não se negar há possíveis decepções, é estar preparado para recomeçar sempre
quando a relação que passou não deu certo, mas deixou um aprendizado
inquestionável, é não culpar o outro apenas, mas agradecer por ter vivido e ter
construído sem medo um
momento que ficou eterno nas lembranças, pois o medo de viver impede a alma de
evoluir, o temor de existir torna as pessoas pequenas e egoístas, o amor tem
que ser compartilhado, pois tudo em nós é uma energia que está sempre em busca
de se interligar a outro polo de energia que chamamos de sentimento. Permita-se
apaixonar e amar e você dirá no final a célebre frase de Pablo Neruda "Confesso
que vivi".
Carlos Reis Agni
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